segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Eu...


Estou vazia de paz e de virtudes, não sei por onde começar a procurar-me já que não estou em mim nos últimos tempos e sei que já não estou em você. Estou perdida em meu próprio labirinto. Labirinto que criei para me proteger dos que me feriram. Imaginei que só me encontraria no centro dele quem por mim sentisse amor. Chegou você e me perdi de paixão e ilusão, pensei que iria ser para sempre e me acomodei te amando.

Mas o tempo passou... E você quis partir... Magoada eu disse “vai” e arrependida tentei te seguir, te encontrar ates que se tornasse definitiva tua partida. Só então percebi que tudo estava diferente... Depois que chegaste, julguei desnecessário tirar a erva que crescia e o lodo das paredes.

Os caminhos ao meu coração tornaram-se armadilhas escorregadias, impedindo que outras pessoas se aproximassem.

Só agora sei que o tempo é uma moenda incessante, esmaga sonhos, transforma os amores, desfaz as paixões.

Na eterna viração turbulências e calmarias são esquecidas. E apenas o tempo é infinito, é para sempre, todo o resto é para já.

Descobri tarde de mais, sentada diante de duas mil e trezentas portas que não consigo abrir nenhuma delas. Talvez seja medo, talvez preguiça, talvez acomodação...

A verdade é que me acostumei a ser perdida, me acostumei com a perdição, me acostumei.

Invernal

As luzes amarelas são ineficientes
As ruas ainda molhadas do ultimo temporal
Muros altos, arvores sem balanço, nada de flores.
Frio sobre as cobertas e embaixo delas também
A cidade dorme e acorda antes de mim
Solidão
Malditas luzes amarelas
Me fazem lembrar a cor dos meus pesadelos
Andar pelas ruas é algo que não me trás prazer algum
Muitos rostos, pouca emoção neles.
Devem ter congelado suas faces devido ao frio
São agora maciças mascaras de indiferença
Saudade
Dos sorrisos familiares, do calor das pessoas,
De nunca esta sozinha.
De ter mais do que paredes para conversar
Quero voltar para os meus
Estou cansada do frio de inverno
Quero as cores, as flores e os perfumes da primavera.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

27 de Agosto 2007



Neste dia às 15h45min nasceu o pequeno Miguel.

Esse nascimento trouxe mais que alegria a minha vida, ele deu sentido a ela.

Por trinta e cinco longas semanas tive meu ventre preenchido por outra vida, uma vida que apesar de depender totalmente de mim, não me pertencia.

No momento em que essa vida tornou-se externa e Miguel respirou sozinho pensei que estava vazio o lugar que ocupou. Porém descobri ao ouvi-lo chorar que aquele era o termino de um período e o inicio da maternidade de fato.

Aquele som penetrou meus ouvidos, entrou em meu coração e chegou até as profundezas de minha alma. E então percebi que já não havia vazio em meu ser, senti todos os espaços sendo preenchidos com a essência do mais puro amor e me senti plena de paz.

Não a paz pálida e silenciosa a qual nos acostumamos. E sim uma paz vibrante, acesa, pulsante e cheia de vigor.

Vejo em meu pequeno Miguel a encarnação da esperança a possibilidade da melhora.

Ele tem o perfume mágico do recomeço e do amor com os quais me renovo todas as manhãs.


quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Felina

Não se engane com minha doçura
Tenho cara de domesticada, mas não sou.
Sou uma gata de rua, sempre caio de pé.
E a você meu conselho é:
Não se de tanta importância
Afinal, não gosto de comida barulhenta.
Nessa historia sou eu a caçadora
E você foi só uma presa de sorte
E se te deixei partir apos tê-lo provado,
não imagine que és especialmente querido.
És apenas... insípido ao meu paladar.
Não vale a pena desgastar minhas garras
em sua casca grossa.
A verdade é que até foi apaixonante
Mas virou rotina.
E como toda gata manhosa e bela,
a rotina me entediou.
Por isso...
Vou indo, outros telhados me esperam.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Repousar


Primeiro, as bocas mudas,
Comunicação não verbal
Olhos que falam,
Mãos que respondem
Depois, a proximidade dos lábios
E o prenuncio do som
A avidez das línguas
A busca por sabores
O encaixe perfeito de
Ritmo e suavidade
A cadencia perfeita
Intensifica-se...
E tudo se resume em vontade
Então o prazer se materializa
E por instantes todo resto
É desprezível... E tudo é resto...
E tudo é nada
Depois apenas o silêncio dos corpos
Desfeitos em suor.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

12/08/2009


... O copo pede mais e meu corpo uma pausa, O lado vazio na cama sempre me incomodou... Prefiro atender ao copo, a cama me traz a sensação de frio dessa cidade inóspita.
É como trazer para ao lado vazio da cama um pouco mais de... coisa alguma
Prefiro o vinho e o calor dos velhos tempos, a taça transborda já n tenho controle pleno dos movimentos, mas... que se dane.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

11/08/2009


Hoje senti algo que me fez perder a noção. Já não sei o que é acaso e o que é destino. Senti uma enorme vontade de me lançar, de me perder, de me achar bem longe... onde os caminhos de volta já se apagaram dos mapas e da mente, onde a direção é sempre em frente, onde só a cansaço dita a hora de parar.

...


Estou tonta de remorso e prazer, sinto culpa e desejo ao mesmo tempo “você tem muito que chorar ainda” é o que ouço quando paro para ser sóbria. Um perfume doce e cinza me persegue pela casa, um murmúrio torpe de quem trama a morte de um rival ecoa em meus pesadelos.
Sonho às vezes com monstros e fadas, às vezes os vejo entre nos. Sei que a loucura me ronda a muito, mas só agora sinto seu hálito fúnebre em minha nuca.
É amargo o amor e frio não senti-lo. Mas quando o medo esta ausente teus pés te fazem correr para minha ‘cabana’ é lá onde te recebo solene, foi lá onde despi-me do pudor e da inocência e te tirei o véu da virgindade santa, é lá onde a dor da pureza perdida é compensada com prazer.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

10/08/2009

Você une todas as coisas dentro de mim
Às vezes odeio isso
Às vezes imploro por isso
Talvez eu enlouqueça cedo demais
Ou entardeça meu tempo tentando entender...
O que você ainda quer de mim além do que você já tem?

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

05/08/2009

Hoje... não sei o que esperar.O dia esta só começando, a verdade é que nunca sei... Hoje é um dia comum de uma vida comum, nada de novo, nada de especial, apenas mais um dia. Então, tudo que posso fazer é desejar que seja ele mais feliz que triste mais doce que amargo e que eu aprenda algo bom e esqueça algo ruim. E assim talvez eu durma ao chegar a noite deste dia, talvez com um fantasma a menos e um sonho a mais ou apenas durma... isso já faria dele um dia especial.

Reflexos


Aos treze anos me tranquei no espelho
Não meu corpo... Nem poderia
Prendi lá minha imagem de menina...
Meus secretos e inalcançáveis sonhos de menina...
Prendi lá meu olhar e o cheiro doce de menina...
Mas sem querer guardei também uma dor... grande, aguda,
fria e muito amarga.
Sempre ao olhar-me num espelho me pego a procurar as velhas coisas
que guardei.
Aquela imagem, sentir o cheiro... mas, a imagem é outra,
o cheiro mudou, tem uma malicia no olhar que não estava lá aos treze...
Mas a dor,
Essa não foi em nada esmaecida, sua intensidade me parece perpetua.
E ate acho que tem crescido.
Temo que ela deixe o espelho a noite,
penetre em meus sonhos e eu não consiga acordar.

Sou borboleta


Onde estais terra firme?

Preciso pousar meus pés

E descansar minhas asas

Estou farta de voar sobre

Escombros e águas mortas

Procuro um torrão de terra

Enxuta sobre a vasta podridão

Não sou corvo nem águia

Sou borboleta...

E minhas asas de papel-de-seda

Não resistem as grandes chuvas

Porem, minha vida tornou-se

Um incansável temporal

Procuro um torrão de terra seca

Sobre a vasta podridão

Mas só vejo escombros,

Amores desfeitos e águas mortas.