domingo, 2 de outubro de 2011



 Sobre os cacos da bailarina Sophia chorava...
Angustiadas lagrimas de dor...dor de perder...dor por não mais possuir ...
Dor...
Simples para quem vê de fora é entender que aquele não era um bom motivo para chorar, era apenas um objeto quebrado.
Fácil julgar estúpido o sofrimento da pequena.
Difícil era para ela acostumar seus olhos a percorrer a casa sem fitar a elegante placidez da esguia bailarina de sapatilhas delicadamente pintadas de lilás.
Difícil...
Não sabia ela que a beleza de uma bailarina esta no giro preciso...esta na delicadeza do movimento das mãos...esta na ponteira já gasta...no erguer sutil do tutu quando delicada inclina quase tocando o chão.
Como poderia ela saber? Ainda tão jovem a pobre menina...
Assim como os caçadores de borboletas que desconhecem que para elas o tempo é curto e as priva da real beleza, o único motivo de sua espera e de toda transformação... tudo por um dia de vôo, tudo para poder sentir as flores nas pontinhas dos pés e descansar..
Ela pensava ser possível capturar para si a beleza...
Talvez ainda pense...
Mas...um dia descobrira diante do espelho que a beleza se esvai  com tempo.